Artigo: 'Um bilhete para Léo!'

Artigo: 'Um bilhete para Léo!'
Foto - Wilker Porto / Agora Sudoeste

Prezado afilhado, extensivo ao Compadre, Luciana e amadas tias. Hoje, vejo-me, mais uma vez, diante dessa obrigação pelo coração, a deixar algumas palavras, que bem sei, não servirão como bálsamo, para amenizar essa cruel dor que vocês padecem, em razão do precoce desaparecimento de Léo, um afilhado pela estima e pela amizade familiar. Nem posso imaginar, por mais que saiba me expressar, sobre essa fatídica ocorrência, por parte desse vírus que não nos dá alívio, pois, também, padecemos temerosos de que seja ou um dos meus entes queridos uma das suas vítimas. Dizer de você, Léo, do seu jeito. da sua afetividade, da sua inteligência, da sua religiosidade, seria desaguar palavras , que já não servem, além do nosso reconhecimento, pelo que você semeou nessa tão rápida passagem entre nós. Se perder amigos, pais, parentes, numa circunstância com esta, já é ruim demais, perder um filho, supera a qualquer dor, que me deixa postado e desperto pela noite longa e povoada de maus pensamentos, a pensar nos meus, que são a razão da minha vida. Os pais sabem, e como sabem, o que estou dizendo, quando, sem qualquer egoísmo, veem  pedir a clemência do Grande Arquiteto do Universo, que por toda infinita bondade, nos livre desse mal, amém. Um jovem intelectual, preocupado em deslindar os enigmas do tempo e do mundo, um questionador voraz sobre o desconhecido, um crítico irriquieto sobre a nossa política, mas sem jamais apegar-se aos extremismos ou deixar-se influenciar, marcou a sua convivência social, de uma forma doce e agradável, engraçado, por vezes, quando. por exemplo, um dia, fiz um comentário sobre o "ser politico" do seu irmão, um orgulho para ele, como para mim não menos, e ele reagiu pesaroso, dizendo-me: "- Puxa, como pode um padrinho, pensar assim do seu afilhado"? Isso foi, aqui, à porta do Escritório, ao descer da Prefeitura, quando lá trabalhava. E  olhe, que não foi uma ofensa, mas um comentário, apenas, em relação a uma das suas convicções políticas, por meu extremo querer bem! Ele se foi, e fiquei pesando naquilo, para depois comentar com Fredinho, como acho que o fiz. Ele era bom de prosa. Instigante. Insatisfeito. Curioso. Pesquisador e estudioso. Como dizia a sua mamãe: - "Um encanto de menino!" E ai de quem a contrariasse! Virava fera! Dele só guardo essas lembranças. E essas serão as que guardarei para sempre. Descanse em paz, Léo!. O brumadense Leandro Leite Rêgo, 33 anos, morreu vítima da covid-19. 


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