ANTONIO TORRES: BIOGRAFIA DO PADRE ZÉ DIAS

ANTONIO TORRES: BIOGRAFIA DO PADRE ZÉ DIAS
Antonio Novais Torres - Foto: Wilker Porto | Brumado Agora

Por Antonio Novais Torres

 

O Padre José Dias Ribeiro da Silva – conhecido como Padre Zé Dias − nasceu em freguesia de Longos, concelho de Guimarães e distrito de Braga, em Portugal, no dia 20/12/1880. Era filho de José Maria Ribeiro e Joana Rosa da Cunha, portugueses, ambos falecidos em Portugal. Eram seus irmãos: Manoel, João, Antonio, Luiz, Angelina, Domingos e Roza. No Consulado Português, em Salvador/BA, constam os seguintes dados, com referência ao Padre Zé Dias: “Inscrito sob o nº. 2931, em 23 de agosto de 1934. Natural de Portugal; estatura regular; cabelos brancos; rosto oval; cor natural; profissão sacerdote e a última residência em Portugal: Freguesia de Longos. E com residência no Brasil em Bom Jesus dos Meiras”.

Por Antonio Novais Torres

 

O Padre José Dias Ribeiro da Silva – conhecido como Padre Zé Dias − nasceu em freguesia de Longos, concelho de Guimarães e distrito de Braga, em Portugal, no dia 20/12/1880. Era filho de José Maria Ribeiro e Joana Rosa da Cunha, portugueses, ambos falecidos em Portugal. Eram seus irmãos: Manoel, João, Antonio, Luiz, Angelina, Domingos e Roza.

 

No Consulado Português, em Salvador/BA, constam os seguintes dados, com referência ao Padre Zé Dias: “Inscrito sob o nº. 2931, em 23 de agosto de 1934. Natural de Portugal; estatura regular; cabelos brancos; rosto oval; cor natural; profissão sacerdote e a última residência em Portugal: Freguesia de Longos. E com residência no Brasil em Bom Jesus dos Meiras”.

 

Segundo os familiares, o padre Zé Dias veio para o Brasil motivado pela perseguição aos que pertenciam à Igreja, por se colocar a favor da monarquia. Passou pela Espanha e embarcou como cidadão comum com destino ao Rio de Janeiro, onde já se encontravam os irmãos Antonio e Luiz que trabalhavam em uma farmácia de nome Granada.

 

Em seguida, proveniente do Rio de Janeiro, chegou a Salvador em 27 de outubro de 1912, com 32 anos de idade. Como ele veio de navio, transporte da época, não se sabe se ele permanecera algum tempo no Rio de Janeiro, ou se veio logo para Salvador. Fato é que assumiu a Paróquia do Bom Jesus em dezembro de 1912. Aqui visitou inúmeras localidades que estavam sob a jurisdição da Igreja. Fazia casamentos, batizados e celebrava missas, cumprindo o seu papel de evangelizador: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc, 16.15). As visitas às freguesias eram feitas no lombo de burros cuja tropa pertencia ao padre.

 

Luiz, seu irmão, era o sacristão e o sineiro da Igreja. Sobre ele existem muitas piadas. Uma delas é a de que acompanhava o irmão para a celebração de missa em determinado distrito e, ao saltar para atender a necessidade fisiológica, o burro mudou de posição. O sacristão montou no animal, tocou viagem e nada de alcançar o sacerdote. Ao deparar-se com a cidade, exclamou: “Que lugar parecido com Brumado!”, até se conscientizar de que realmente estava na cidade de origem.

 

O padre era um homem diligente. Em 08 de abril de 1917, promoveu a instalação da Associação das Almas do Purgatório.

 

Construiu a sua casa ao lado da Igreja e plantou um coqueiro (1917) na lateral direita da Igreja, em frente à sua residência. Essa casa passou do padre José Dias para Luiz Ribeiro Dias, por herança. Posteriormente, para Idalina Pereira da Costa, esposa deste, que a alugou para a Magnesita S.A. instalar ali o seu escritório. Depois o imóvel foi locado para o Sr. Cantídio Trindade que o sublocou ao Sr. Álvaro Aurélio Dantas e Sra. Gerolina Viana Dantas, Dona Sinhá, os quais se estabeleceram ali, com o Hotel Brasília, que funcionou por 13 anos, até 1973. O imóvel finalmente foi vendido por Idalina ao Banco do Brasil, onde hoje está instalada sua agência de Brumado.

 

O padre plantava videiras em terreno de sua casa e fabricava vinhos tanto para o uso particular quanto para a Eucaristia, utilizando as técnicas e os conhecimentos adquiridos em Portugal. As parreiras eram irrigadas com água de uma cisterna construída pelo padre que tinha um pequeno alambique e aproveitava o bagaço das uvas para fazer cachaça.

 

Construiu uma ponte de madeira com corrimão e pilares de sustentação de argamassa feita com cal e óleo de baleia. Essa ponte, conhecida como ponte do Padre Zé Dias, permitia acesso da cidade para o Bairro do São Felix e vice-versa. Mandou construir as torres da igreja e as cruzes de ferro, assim como os anjos, que se movem com a força do vento.

 

Comprou um Ford-29 e contratou como chofer Aristides Catarino (Tidinho) e posteriormente Laudelino que exercia os ofícios de chofer e mecânico. Possuía um relógio que marcava as distâncias, uma novidade para o povo da época. Possuía várias fazendas: Franga, Santa Luzia e Serra, com muita água, e a localidade chamada Pasto da Grama, além de casas e outros bens e fazia também plantações de café.

 

Criou a sobrinha Maria do Carmo Costa Ribeiro, apelidada de Nininha, filha de Idalina e Luiz e mandou-a estudar em Salvador (1 ano) e depois em Caetité, porém não se formou.

 

Foi designado intendente para o período de 1934-1938, porém veio a falecer antes de completar o mandato. Em sua gestão, instalou-se aqui uma usina de beneficiamento de algodão.

 

Em 13 de dezembro de 1937, faleceu o padre Zé Dias, com 57 anos, na vila de Brumado, antiga Bom Jesus dos Meiras, comarca de Ituassú (hoje com a grafia modificada para Ituaçu). José Costa Ribeiro, sobrinho e declarante, exibiu o atestado do Dr. Brand Lima que declarou que o padre falecera na Rua da Matriz, em casa de sua propriedade, em consequência de Edema Pulmonar e Insuficiência Cardíaca. Seu corpo está sepultado na Igreja Matriz.

 

Com o falecimento do padre, no inventário, as fazendas ficaram para os herdeiros moradores em Portugal, as quais, através do procurador Waldemar Torres, foram vendidas para a Magnesita S.A.

 

Em homenagem ao padre Zé Dias, nominou-se um logradouro no bairro São Félix e, recentemente, em 6 de julho de 2012, o Município estendeu essa homenagem e inaugurou a praça que denominou de ‘Praça Padre José Dias’  com urbanização e uma área iluminada que dão uma aparência de modernidade ao local.

 

O padre Zé Dias permaneceu na Igreja do Bom Jesus entre 1912 e 1937, portanto 25 anos de catequese e práticas religiosas. Ao padre Zé Dias antecedeu o vigário Jayme Oliva e sucederam-no Frei Pedro Thomaz Margalho da O.C. – Ordem dos Carmelitas – (espanhola) e posteriormente, em 1939, assume a paróquia o padre Antonio Silveira Fagundes, que recebeu o título de Monsenhor e ficou até os dias do seu falecimento.

 

Ressalte-se que a Igreja Matriz de Brumado data de 1878. Apesar de o primeiro livro de registro de batismos datar de 1873, na ata da primeira sessão da Câmara Municipal da Vila de Bom Jesus dos Meiras, em 13 de fevereiro de 1878, relata o seguinte: “Eu, Antonio Ladislau de Figueredo Rocha, vice-presidente da Província da Bahia, faço saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa decretou, e eu sancionei a lei seguinte...” E passa o vice-presidente a descrever a Lei que autorizou a construção, a pedido dos habitantes locais, da 1ª Igreja Matriz de Bom Jesus dos Meiras.

 

 A Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus sofreu várias reformas: em 1940, em 1989, esta realizada por Newton Cardoso, quando foi trocado o piso, fez-se nova pintura, colocaram-se ventiladores e forro. Em 2001, fez-se uma reforma geral com grandes modificações, tendo à frente o Padre Osvaldino Alves Barbosa, Pe. Dino, sob a coordenação dos membros Maria Sônia Meira Gomes, Ophelia RochaTorres Leite, Clemilton Viana Silva, Idenor Silveira Amorim, Miguel Lima Dias, Hosannah Cotrim Rizério, Marízia Eny Viana Dantas e Ir. Eli Nascimento Reis, com a colaboração de membros do comércio e de católicos. Modernizaram-na e ela representa o cartão postal de Brumado pela sua beleza interna, proporcionando conforto aos fiéis e conservando externamente a arquitetura secular que a torna mais bela, promovendo a autoestima e o orgulho dos católicos brumadenses.

 

 

Antonio Novais Torres


Comentários
  • Lúcio Carlos Cruz dos Santos

    Parabens Antonio Torres, continue sempre pesquisando a história de nossa querida Brumado.

  • manoel morais dos santos(nenel-banco do brasil)

    Parabens seu antonio torres. Suas narrativas faz com que a gente viaje no tempo e tome conhecimento das historias de nossa cidade e de nossos conterraneos que tanto contribuiram para o nosso desenvolvimento.

  • cleber hitson

    Parabéns por postar a biografia do Pe. Zé Dias e por mais uma parte da historia de brumado a qual eu não conhecia.

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