Apesar do aumento do número de famílias com nível superior, conforme o censo do IBGE 2010, o brasileiro tem gastado mais dinheiro com telefonia celular, televisões de tela plana e jogos eletrônicos do que com materiais de leitura. É o que atesta a pesquisa O Livro no Orçamento Familiar - LOF, desenvolvida este ano pela Associação Nacional de Livros (ANL). Com base nos dados do Programa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE, a pesquisa englobou 55 mil famílias de classe média em todo o País e avaliou quanto elas gastaram entre 2002 e 2003, comparando com o período de 2008 a 2009, anos que resultaram no último censo do IBGE. Em Salvador, o resultado não foi - pelo menos para educadores, professores e livrarias - satisfatório: a família deixou de gastar R$ 160 com a compra de material de leitura para gastar apenas R$ 130, o que representa apenas 0,4% da renda familiar dos entrevistados. Por Hieros Vasconcelos Rêgo - A Tarde.
Apesar do aumento do número de famílias com nível superior, conforme o censo do IBGE 2010, o brasileiro tem gastado mais dinheiro com telefonia celular, televisões de tela plana e jogos eletrônicos do que com materiais de leitura. É o que atesta a pesquisa O Livro no Orçamento Familiar - LOF, desenvolvida este ano pela Associação Nacional de Livros (ANL).
Com base nos dados do Programa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE, a pesquisa englobou 55 mil famílias de classe média em todo o País e avaliou quanto elas gastaram entre 2002 e 2003, comparando com o período de 2008 a 2009, anos que resultaram no último censo do IBGE. Em Salvador, o resultado não foi - pelo menos para educadores, professores e livrarias - satisfatório: a família deixou de gastar R$ 160 com a compra de material de leitura para gastar apenas R$ 130, o que representa apenas 0,4% da renda familiar dos entrevistados.
Em 2002, pelo menos 71% das famílias com mais de cinco salários compravam materiais de leitura com frequência. Hoje, esta porcentagem foi reduzida para 65%. Enquanto isso, o gasto com equipamentos eletrônicos, que era de R$ 563,38, passou para R$ 665. O ramo da telefonia celular também lucrou com as prioridades das famílias brasileiras: de R$ 260 para R$ 425.
Pode parecer uma diferença pequena em números, mas reforça a tese de diversos sociólogos, professores e escritores sobre a futura geração: voltada para as tecnologias e distante dos livros. A presidente da Associação Nacional de Livros, Milena Piraccimi, explica que a pesquisa teve o objetivo de saber como a mudança da sociedade brasileira nesses anos influenciou nas livrarias e nos bens ligados à escrita. "Não teve ascensão da classe média, mas surgiu uma nova classe média. Houve redução da pobreza, aumento da escolaridade. E, pelo que pudemos perceber, nada disso influencia a leitura. É um hábito que está sendo perdido e trocado pelas novas tecnologias", afirma.
Religiosos - Na contramão do resultado da pesquisa, ainda há quem alimente o hábito de leitura nas novas gerações. É o caso de Cristiane Couto. O filho dela, Paulo, 12 anos, leu somente no primeiro semestre deste ano 25 livros. Desde criança ele é incentivado pela mãe a ler. "Eu gosto de livros que contam a história do mundo. Um dos que eu mais gostei foi A História Ilustrada da Guerra e agora estou lendo A História do Oceano Atlântico, conta o garoto.
Paulo reconhece que a leitura não é atividade comum entre as crianças da sua idade, mas afirma que não "saberia viver" sem os livros por perto. "Me distraio, conheço. É uma imersão. Os meus preferidos são os que narram a nossa história", comenta Paulo. Já Cecília, 6, adora ganhar livros no seu aniversário.
"Desde que ela é bebê que ensinamos a gostar da leitura. A maioria dos brinquedos dela eram livros com fantoches, livros que podem pegar, tocar. Isso é importante para qualquer ser humano. O gosto pelo livro, pelo saber estimula a consciência", afirma a mãe da garota, a comunicóloga Daniela Franco.
Segundo a ANL, a sobrevivência do mercado livreiro, principalmente da pequena e da média livraria, que hoje representam 65% do mercado, depende de incentivos governamentais como o fomento para a abertura de novas lojas fora dos grandes centros - cerca de 1.600 municípios, em todo o Brasil, que não têm sequer uma livraria. Por Hieros Vasconcelos Rêgo - A Tarde.