Agora Sudoeste

Comunidades quilombolas de Guanambi (BA) começam a ser vacinadas contra a Covid-19

Comunidades quilombolas de Guanambi (BA) começam a ser vacinadas contra a Covid-19
Foto - Wilker Porto / Agora Sudoeste

Moradores das comunidades quilombolas da região de Guanambi estão sendo imunizados contra a Covid-19. A região abrange doze municípios baianos. São eles: Guanambi, Caetité, Riacho de Santana, Palmas de Monte Alto, Igaporã, Matina, Malhada, Lagoa Real, Candiba, Ibiassucê, Iuiu e Mortugaba. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, são mais de 19 mil habitantes quilombolas, pessoas que vivem em comunidades formadas por descendentes de escravizados fugitivos. Mas os dados do órgão não correspondem com as informações divulgadas pelas secretarias municipais de saúde. Em Matina, por exemplo, o IBGE aponta que o município possui 8.189 habitantes quilombolas. Já em Iuiu, a estimativa é de 57 pessoas. A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, que informou não existirem quilombolas nesses municípios. Quilombolas foram incluídos como grupo prioritário no Plano Nacional de Imunização. A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica que o grupo foi listado como prioridade devido à vulnerabilidade social que está exposto. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito”, destacou. De acordo com o Ministério da Saúde, 4.322 quilombolas da região de Guanambi tomaram a primeira dose da vacina contra o coronavírus e 228 a segunda dose do imunizante. Uma das vacinadas foi a lavradora Reinalda Pereira Magalhães, de 38 anos, moradora do Quilombo Pau D'arco e Parateca, localizado no município de Malhada. Nina, como é carinhosamente conhecida no quilombo que vive desde quando nasceu, conheceu de perto a dor de perder um ente querido para a Covid-19. Ela conta que o seu irmão caçula faleceu dias antes de a vacina chegar em sua comunidade. “A vacina chegou na semana que ele adoeceu. Não sei se ele tinha algum problema de saúde, mas ele foi entubado e ficou no hospital doze dias. Não é fácil, não, ainda tá uma dor. Ele era o irmão caçula, tinha 34 anos”, desabafou.   Nina recebeu a primeira dose da vacina e agora aguarda a dose reforço do imunizante. Ela já tem planos para quando a pandemia passar. “Quilombola gosta muito de festa. Então, vou fazer uma festa em agradecimento, né? Temos que agradecer a Deus para os que os que conseguiram atravessar essa guerra. Vai ser um momento de muita festa e alegria”, afirmou.


Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência. Saiba Mais