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ARTIGO: AMBIÇÃO, PODER, PREPOTÊNCIA E ARROGÂNCIA

ARTIGO: AMBIÇÃO, PODER, PREPOTÊNCIA E ARROGÂNCIA
Antônio Novais Torres (Foto: Wilker Porto | Brumado Agora)

Por Antônio Novais Torres


Há os que, pela posição socioeconômica e financeira abastada, ou  pelo poder e status dos cargos privilegiados que ocupam e exercem, quer como políticos ou como  profissional acham-se  diferenciados das demais pessoas, julgam-se superiores. Seus atos e ações são de prepotência, de autoritarismo, de indiferença, atitudes inerentes aos egoístas e  presunçosos, que expõem seus semelhantes a humilhações e ao desprezo, principalmente os humildes. Face ao exposto, ocorre-me uma fábula sobre Alexandre, O Grande, o monarca conquistador, e passo a transcrevê-la: Alexandre, prosseguindo o seu caminho por desertos estéreis e terrenos incultos, chegou junto de um ribeiro cujas águas corriam brandamente por entre as margens. Sua superfície, que nenhuma aragem alterava, era imagem do contentamento e parecia dizer com sua muda linguagem: “Eis o asilo do repouso e da paz”.

Por Antônio Novais Torres


Há os que, pela posição socioeconômica e financeira abastada, ou  pelo poder e status dos cargos privilegiados que ocupam e exercem, quer como políticos ou como  profissional acham-se  diferenciados das demais pessoas, julgam-se superiores. Seus atos e ações são de prepotência, de autoritarismo, de indiferença, atitudes inerentes aos egoístas e  presunçosos, que expõem seus semelhantes a humilhações e ao desprezo, principalmente os humildes.

 

Face ao exposto, ocorre-me uma fábula sobre Alexandre, O Grande, o monarca conquistador, e passo a transcrevê-la: Alexandre, prosseguindo o seu caminho por desertos estéreis e terrenos incultos, chegou junto de um ribeiro cujas águas corriam brandamente por entre as margens. Sua superfície, que nenhuma aragem alterava, era imagem do contentamento e parecia dizer com sua muda linguagem: “Eis o asilo do repouso e da paz”.

 

Tudo ali era tranquilidade e somente se ouvia o murmúrio das águas, que parecia repetir ao ouvido do viajante cansado: “Vem tomar parte dos benefícios da natureza”, queixando-se de que seu convite era em vão. Essa cena teria sugerido mil reflexões a uma alma contemplativa; porém, como poderia lisonjear a de Alexandre− ambicioso e cheio de  projetos de conquistas−, cujos ouvidos  tinham-se familiarizado com o ruído das armas e com os gemidos dos moribundos?

 

Alexandre continuou seu caminho. Entretanto, vencido pela fome e pela fadiga, em breve foi obrigado a parar e sentando-se à borda do ribeiro, bebeu algumas gotas da sua água, que lhe pareceu muito fresca e de um gosto esquisito. Mandou então que lhe trouxessem alguns peixes salgados que trazia de provisão e  meteu-os na água, para modificar a excessiva aspereza do seu sabor. Porém qual não foi sua surpresa, vendo que eles exalavam um cheiro suave!

 

Certamente, disse ele: “este ribeiro, dotado de tão rara virtude, deve ter uma nascente nalgum rico e afortunado país, procuremo-la”. Subindo a corrente da água, Alexandre chegou às portas do paraíso. Estavam fechadas. Bateu e pediu para entrar, com seu ardor ordinário.

 

 “Não podes ser admitido – gritou-lhe uma voz da parte de dentro, aqui é a porta do SENHOR”.

 

 “Eu sou o senhor, o senhor da terra – replicou o impaciente monarca, Sou Alexandre, o Conquistador. Por que vos demorais em abrir esta porta?”

 

 “Não – continuou a voz – só se conhecem aqui por conquistadores os que vencem paixões. Só os justos podem entrar aqui”.

 

Alexandre tentou debalde entrar à força na morada dos bem-aventurados. Nem ameaças nem rogos, produziram efeito. Vendo que todos os seus esforços eram inúteis, voltou-se para o guarda do paraíso e disse: “Bem sabeis que sou um grande rei, que recebo a homenagem das nações, se não obstante, não quereis deixar-me entrar, dai-me, ao menos, alguma coisa que prove ao mundo que cheguei aqui, aonde nenhum mortal me precedeu”.

 

 “És, insensato – respondeu-lhe o guarda do paraíso – eis uma coisa que poderá curar os males de tua alma. Uma simples vista que deites sobre este objeto te ensinará mais sabedoria do que tens aprendido até agora com teus antigos mestres. Agora continua teu caminho”.

 

 

Alexandre pegou avidamente o que lhe davam e voltou para sua barraca, porém qual não foi sua admiração quando, examinando a dádiva, reconheceu que não era mais do que um pedaço de caveira.

 

 “É este – exclamou ele – o belo presente que se faz aos reis e aos heróis? É este o fruto de tantos trabalhos, perigos e inquietações?” Furioso e iludido nas suas esperanças, arremessou para longe de si aquele resto miserável de um resto mortal.

 

 “Grande rei – disse um sábio que estava presente –,  não desprezes esta dádiva, por mais miserável que pareça às tuas vistas, possui virtudes extraordinárias, como podes verificar, se comparares seu peso com o do ouro e da prata”.

 

Alexandre ordenou que se fizesse a experiência. Trouxeram uma balança, o resto humano, colocou-o num dos pratos e o ouro no outro. Com grande surpresa de todos os ossos fez vir abaixo o seu prato. Ajuntou-se outro metal ao ouro, e sempre o osso pesava mais, até quanto mais ouro se acrescentava, menos pesava o prato, em relação ao do pedaço da caveira.

 

 “É admirável – disse Alexandre – que  tão pequena quantidade de matéria pese mais do que tanto ouro. Não há, pois, coisa alguma que possa equilibrá-los?”

 

 “Há – respondeu o sábio – e muito pouco é bastante – e, pegando um pouco de terra, cobriu com ela o osso cujo prato imediatamente se levantou”.

 

 “Eis o que é ainda mais extraordinário – exclamou Alexandre – poderás tu explicar-me semelhante fenômeno?”

 

 “Grande rei – respondeu-lhe o sábio –, este fragmento de osso é o que encerra o olho humano que, ainda que limitado no seu volume, é ilimitado nos seus desejos. Quanto mais possui, mais deseja ter. Nem ouro, nem prata, nem outra qualquer riqueza terrestre poderia satisfazê-lo, porém quando descido ao túmulo, ele é coberto pela terra e nela encontra um limite para a sua ávida ambição”.

 

A vaidade, a ambição, a prepotência são fraquezas mesquinhas da humanidade que deveria exercer o sodalício com harmonia, com respeito às individualidades e solidariedade com seus concidadãos sem a arrogância e sentimentos inferiores que humilham e levam vexames às pessoas. São essas atitudes que tornam os homens piores, indomáveis e cruéis pela revolta das desigualdades produzidas  pela ambição,  jactância e a vaidade – extremismos sociais.

 

É preciso que os poderosos façam uma grande reflexão ante o poder e o fascínio do status socioeconômico que exercem em detrimento do seu semelhante comum e desafortunado. Reflitamos, pois que,  todos nascem iguais e igualmente morrem despojados dos bens e das vaidades terrestres, visto que, para Deus, todos são equânimes, não há distinção entre ricos e pobres, poderosos e subalternos todos terão o mesmo destino inexorável – a morte.

 

O julgamento será feito mediante a fé com  as obras e ações praticadas, segundo o Evangelho.


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