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O Café com o Brumado Agora entrevista Beto Bike



Nascido em 24 de janeiro de 1982, o brumadense Alguiberto Bezerra dos Santos viu nas adversidades da vida e no esporte a força e atitude para realizar sonhos. Filho da saudosa Moêmia Bezerra dos Santos, e criado com muito amor pela avó Maria do Carmo (Maria Bonita), tem ainda o irmão Patrício Levi Bezerra dos Santos como base familiar. Casou-se com Kátia Leite de Souza Bezerra, com a qual constituiu família, e conceberam a linda Geovana. Toda a trajetória do grande incentivador do ciclismo em Brumado será contada em mais uma edição do Café com o Brumado Agora, realizado nas dependências da Beto Bike e Moto, o mais novo empreendimento inaugurado pelo entrevistado.




Café com o Brumado Agora – Conte um pouco sobre o início da sua trajetória.


Beto Bike – Bem, minha história de vida começa quando perdi meus pais. Quando digo meus pais, me refiro ao fato de que, com a morte da minha mãe, meu pai nos abandonou e fui adotado pelo esporte e pela minha avó, que cuidou de mim dos 14 aos 24 anos. Com 14, quase 15 anos, minha válvula de escape foi andar de bicicleta. Muita gente achava bobagem, dizia que era perca de tempo me dedicar ao ciclismo e que ele não me traria retorno financeiro. Com muita força de vontade e sem nunca desistir dos meus sonhos, comecei a participar de competições na região e , quando me dei conta, já estava participando de provas fora do Estado. Passei então a sonhar em ter minha própria oficina. Em 2001, consegui montá-la com a ajuda de pessoas que pedalavam comigo. O início foi difícil, eu era o mecânico, trabalhava apenas com conserto, porque o recurso era pequeno, e só mais tarde comecei a vender peças. A partir daí, comecei a trazer outras pessoas para trabalhar comigo e o empreendimento foi crescendo.


Café com o Brumado Agora – Quais foram os seus maiores apoiadores quando iniciou no ciclismo?


Beto Bike -  Marizete e Edmundo Pereira, que na época ainda era prefeito de Brumado, me ajudaram muito. Me acolheram como atleta e como pessoa e nunca me fecharam as portas da prefeitura. Além deles, tive como apoiadores Jair do Café Brumado, Idelfonso Amorim, Jair da Laranja [ Construtora Silva Salomão] e outras pessoas que, direta ou indiretamente contribuíram para o meu sucesso. Sempre que batia na porta destas pessoas que citei era recebido com muito carinho e sempre estavam dispostos a ajudar. A minha cabeça foi sendo moldada pelo otimismo e sempre fui buscando pessoas que me apoiavam e acreditavam em meu sonho.




Café com o Brumado Agora – Quais foram as principais dificuldades enfrentadas para continuar acreditando no teu potencial como ciclista e empreendedor?


Beto Bike – No início, ninguém acreditou que eu poderia conquistar o que conquistei como competidor no ciclismo e muito menos com a minha oficina. A única pessoa da minha família que me deu todo apoio foi a minha avó. Inclusive, quando montei a oficina, tinha apenas 18 anos e, naquela época, ainda era considerado menor de idade, pois a maioridade era 21. Com isso não consegui registrar a empresa e tentei fazer isto no nome da minha avó, mas pelo fato dela ter uma deficiência visual, a receita não aceitou o registro. Ela tentou me ajudar, mas infelizmente não foi possível, entretanto, o nome Beto Bike, foi uma sugestão dela. Com isso, trabalhei dois anos sem registro, o que me impossibilitou de realizar compras em algumas empresas, pois elas não vendiam sem o registro.


Café com o Brumado Agora – Em algum momento você pensou em desistir?


Beto Bike – Uma das coisas que minha avó me ensinou foi aprender com as dificuldades. Cada degrau que você ultrapassa é um novo desafio a ser encarado. Criei o meu o meu negócio para sobreviver e eu tinha que fazer o melhor para alcançar os meus objetivos. Agarrei com todas as forças as melhores oportunidades, principalmente, porque sempre fiz o que gosto, que é estar no esporte e incentivando as pessoas.




Café com o Brumado Agora – Houve alguma história, durante sua trajetória, que deve ser lembrada?


Beto Bike – Infelizmente sim. Quando eu estava atuando como ciclista, fiz uma viagem de Bom Jesus da Lapa à Brumado de bicicleta com Luciano (Lulu), que jogava futebol de salão. Faltando 15 km para chegar em Brumado, ele foi atropelado às margens da pista. Foi muito triste, eu poderia ter desistido de tudo, a partir daí, mas pelo grande amigo e por tudo que o esporte e a minha luta de vida representava, eu decidi continuar.


Café com o Brumado Agora -  Hoje, o nome Beto Bike é conhecido em toda cidade e você tem o reconhecimento da população como um dos grandes incentivadores da prática do ciclismo. Como você se sente?


Beto Bike – Me sinto o mesmo garoto de 2001, cheio de sonhos. A única diferença hoje é que a responsabilidade dobrou e tem mais pessoas que dependem do meu trabalho. Hoje, procuro fazer com que as pessoas se envolvam com o esporte, independente de qual seja, e não só para competição, mas também, como qualidade de vida.


Café com o Brumado Agora – Gostaria de deixar alguma mensagem?


Beto Bike – Sim, a todos os brumadenses. Peço que nunca desistam de seus sonhos. O homem é do tamanho do sonho que tem, nunca esquecendo da humildade e da capacidade de sempre buscar-se o melhor.


Fotos: Wilker Porto, Produção: Genival Moura e Reportagem: Janine Andrade.


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