Agora Sudoeste

ARTIGO ANTÔNIO TORRES: PRISCAS ERAS

ARTIGO ANTÔNIO TORRES: PRISCAS ERAS
Antônio Novais Torres

Por Antônio Novais Torres



 

Brumado, cidade conhecida pelo slogan de “Capital do Minério”, por suas famosas jazidas de magnesita e talco. O município possui a terceira maior mina de magnesita do mundo, na região da vila Pedra Preta. A natureza foi pródiga com o seu subsolo rico em minerais diversos, como vermiculita, dolomita, cristal de rocha e granitos dos mais variados. Ostenta também o título de primeiro lugar em plantação de algodão. Atualmente, os cotonicultores enfrentam a falta de crédito com juros civilizados, de orientação técnica adequada e de incentivos, como a distribuição de sementes expurgadas, além de enfrentarem a ocorrência do Bicudo-do-algodoeiro (praga terrível que assusta os cotonicultores pela resistência a inseticidas), dos baixos preços do algodão, dos altos preços dos defensivos agrícolas e da mão de obra inviável em relação ao preço de venda. Esses dados merecem a atenção do governo para se amenizarem os problemas angustiantes por que passam os produtores de algodão. 

Por Antônio Novais Torres


Brumado, cidade conhecida pelo slogan de “Capital do Minério”, por suas famosas jazidas de magnesita e talco. O município possui a terceira maior mina de magnesita do mundo, na região da vila Pedra Preta. A natureza foi pródiga com o seu subsolo rico em minerais diversos, como vermiculita, dolomita, cristal de rocha e granitos dos mais variados.


Ostenta também o título de primeiro lugar em plantação de algodão. Atualmente, os cotonicultores enfrentam a falta de crédito com juros civilizados, de orientação técnica adequada e de incentivos, como a distribuição de sementes expurgadas, além de enfrentarem a ocorrência do Bicudo-do-algodoeiro (praga terrível que assusta os cotonicultores pela resistência a inseticidas), dos baixos preços do algodão, dos altos preços dos defensivos agrícolas e da mão de obra inviável em relação ao preço de venda. Esses dados merecem a atenção do governo para se amenizarem os problemas angustiantes por que passam os produtores de algodão.


O município foi grande produtor de mamona. Vários compradores se instalaram aqui, a exemplo da SAMBRA, IMBSA, J. Aguiar & Cia Ltda., além de outros avulsos. As famílias pobres rurícolas tinham, nessa lavoura, meios para a sua subsistência, com reembolso imediato pela venda do produto.


Já se criaram caprinos em larga escala, sendo São Paulo o seu maior centro comprador. As peles dos animais adultos abatidos na região eram comercializadas no comércio local, movimentando a economia do lugar, o que suplementava as carências combalidas e imediatas do rurícola. A Lei do Bode, editada pela prefeitura e conhecida como Lei dos latifundiários, impediu de se criar o animal à solta, um processo que não beneficiou as pessoas de menor poder aquisitivo. Essa lei foi uma camisa de força nos pequenos criadores, tirando-lhes os meios de subsistência, o que os colocou em maiores dificuldades financeiras.

A Magnesita S.A., a principal e maior extratora do minério que deu nome à empresa, é proprietária de muitos hectares de terras na região, incluindo a serra das Éguas e outras produtoras de minérios. Já foi chamada de “Mãezita” pela oferta de muitos empregos e pelos melhores salários da região e quiçá do Brasil – daí o apelido carinhoso.


A realidade nestes tempos é outra, dura e crua. A lavoura do algodão está em decadência. A lavoura da mamona, de cujos grãos o pobre lavrador se valia para vendê-los a qualquer momento e em pequenas quantidades, para o suprimento das necessidades básicas e imediatas – alimentos e remédios – deixou de existir. A criação de caprinos, com a Lei do Bode, tornou-se inviável.


A Magnesita S.A. modernizou-se, ingressou na era da qualidade total, adquirindo o status de excelência de produção e administração. Com essa reengenharia administrativa, reduziu o número de funcionários e terceirizou vários setores. Com esse processo, os salários dos funcionários foram achatados, e algumas conquistas sindicais desprezadas – esse é o preço da globalização imposta pelo neoliberalismo.


O poder público não tem dado a devida atenção ao município de Brumado, produtor de riquezas e significativa contribuição com impostos arrecadados. Trata-se de um município com uma expressiva população com 57.176 habitantes (IBGE) e um colégio eleitoral de 24.443 mil votantes (dados de 1986) que está relegado a segundo plano, apesar do seu potencial de riqueza e expressão eleitoral.


Há de se pensar em um plano de diversificação de culturas, criação de ovinos e caprinos em regime semiconfinado, incentivo à bacia leiteira e à criação de gado selecionado adaptável à terra, implantação de um polo industrial, aproveitando-se as reservas minerais e o potencial agrícola da região, viabilização das festas populares e dos valores culturais do município e outros procedimentos que visem alavancar o progresso e o desenvolvimento da região. Tudo isso depende da contribuição do Governo com a contrapartida da prefeitura e as parcerias privadas para essa finalidade. Caso contrário, Brumado ficará conhecida apenas pelo slogan de “Capital do Minério” sem futuro e vivendo de recordações do passado.


A cidade de Brumado notabilizou-se politicamente por ser uma trincheira oposicionista. Isso lhe custou o descaso e a discriminação dos Governos situacionistas nesses anos de oposição, com exceção do Governador Roberto Santos, considerado o benfeitor de Brumado, o qual viabilizou a construção da barragem e da estrada Brumado/Conquista, a expansão da energia e da telefonia, dentre outros benefícios.


 A oposição baiana mostrou-se incompetente, ganhou a eleição de 1986 com ampla maioria de votos, elegendo governador Waldir Pires (PMDB) que após dois anos de governo o abandonou em favor de Nilo Coelho, para formar uma chapa com Ulisses Guimarães como presidente da República e ele vice-presidente com argumentos que não convenceram e terminaram em sétimo lugar. Finalmente a oposição não conseguiu fazer o sucessor.


Brumado está carente de uma Estação de Tratamento de Esgoto, de um anel viário para escoar o tráfego pesado do perímetro urbano, de um complexo policial, de um centro administrativo que abrigue as várias repartições do Estado, da solução cruciante da água, de fazer funcionar o hospital, dotando-o de meios imprescindíveis para tanto, enfim, das prioridades básicas, e o município não dispõe de recurso para executá-las.


Há, portanto, de se trabalhar no rumo que o povo deseja, que é o desenvolvimento do município e que, certamente, beneficiará a todos. 


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