ANTÔNIO NOVAIS TORRES: BIOGRAFIA ZILDA LIMA NEVES

ANTÔNIO NOVAIS TORRES: BIOGRAFIA ZILDA LIMA NEVES
Antônio Novais Torres

Por Antônio Novais Torres



Ecoou na Fazenda Casa Nova, distrito de Itaquaraí, município de Brumado, no dia 7 de agosto de 1923, o vagido de Zilda Lima Santos, nome que lhe foi atribuído pelos seus pais Fidelcino Augusto dos Santos (18-06-1874/19-04-1944) e Cecília de Lima Santos (22-11-1877/15-07-1965). Eram seus irmãos: Marcelino, Georgina (Nenzinha), Manuel, Celsina, Gumercindo, Agenor, José, Maria (morreu pouco depois de nascida), Euvaldo e Guimar Lima Santos. Pais e irmãos de Zilda estão sepultados no cemitério municipal Senhor do Bonfim, exceto a irmã Georgina que foi sepultada em Santo Antônio de Jesus/BA, onde residia. Zilda teve uma infância feliz. Morava na fazenda Sítio São José (Brumado). Viveu num lar em que imperava o amor, elo de uma convivência pacífica entre todos os familiares. Isso lhe deu segurança na formação da sua personalidade, tendo sempre como espelho a honestidade e o caráter de seus pais, cujo exemplo influenciou a sua vida e fê-la acreditar nos valores morais, éticos e sociais que a convivência exige.

Por Antônio Novais Torres


Ecoou na Fazenda Casa Nova, distrito de Itaquaraí, município de Brumado, no dia 7 de agosto de 1923, o vagido de Zilda Lima Santos, nome que lhe foi atribuído pelos seus pais Fidelcino Augusto dos Santos (18-06-1874/19-04-1944) e Cecília de Lima Santos (22-11-1877/15-07-1965). Eram seus irmãos: Marcelino, Georgina (Nenzinha), Manuel, Celsina, Gumercindo, Agenor, José, Maria (morreu pouco depois de nascida), Euvaldo e Guimar Lima Santos.

 

Pais e irmãos de Zilda estão sepultados no cemitério municipal Senhor do Bonfim, exceto a irmã Georgina que foi sepultada em Santo Antônio de Jesus/BA, onde residia.

 

Zilda teve uma infância feliz. Morava na fazenda Sítio São José (Brumado). Viveu num lar em que imperava o amor, elo de uma convivência pacífica entre todos os familiares. Isso lhe deu segurança na formação da sua personalidade, tendo sempre como espelho a honestidade e o caráter de seus pais, cujo exemplo influenciou a sua vida e fê-la acreditar nos valores morais, éticos e sociais que a convivência exige.

 

Zilda relata que sempre gostou de pessoas idosas e tinha uma admiração especial por seu avô paterno, Juvenciano Alves dos Santos, com quem manteve uma interação afetiva muito grande.

 

Desde pequena, ela manifestou grande interesse pelos estudos. Aos sete anos, foi estudar em Itaquaraí, com a professora leiga, Palmira Martins, que viera de Rio de Contas, porém só ficou em Itaquaraí por três meses.

 

No ano seguinte, foi estudar em Caetité e ficou hospedada na residência do casal Aníbal Antunes Teixeira e Dona Ina Prisco Teixeira. Estudou o primeiro ano primário com a professora Judith Moreira da Cunha e o segundo, com estagiárias na escola anexa à Escola Normal. Com o Professor Santana, estudou um ano, o qual lhe ensinou assuntos com um programa abrangente, superior ao que se ensinava no programa da escola primária convencional.

 

Ao final daquele ano, fez curso preparatório com o professor Alfredo Silvão, para submeter-se ao exame de admissão à Escola Normal Rural. Aprovada, cursou quatro anos. Durante este período, frequentou o colégio de freiras espanholas como pensionista. Não terminou o curso porque seu pai resolveu retirá-la da escola. Deixou os estudos com muito desgosto, pois teve a sua finalidade subtraída. Zilda foi uma aluna exemplar, gostava muito de leitura, sempre buscando conhecimentos e informações úteis ao seu desempenho educacional. Naquela época, a formação de professores era de cinco anos: dois no curso fundamental e três no curso Normal.

 

Casou-se com Arthur Alves Neves em 07 de agosto de 1946, dia em que completou 23 anos de idade, quando passou a assinar Zilda Lima Neves. O casamento civil foi oficiado pelo juiz Duarte Moniz Aragão – o primeiro juiz de Brumado Comarca – e, na mesma data, realizou-se também o casamento religioso celebrado pelo padre Antônio da Silveira Fagundes. Após seis anos de matrimônio, o casal foi residir na cidade de Caculé/BA.

 

Em Caculé, foi instalado um colégio onde se cursavam quatro anos de ginásio, um ano de curso intermediário e mais dois anos pedagógicos para a formação de professores. Como Zilda havia cursado quatro anos na Escola Normal de Caetité, esse período equivaleu ao ginásio. Apesar da discordância do marido, ela decidiu fazer o curso.

 

O diretor do Colégio Norberto Fernandes, Dr. Vespasiano José da Silva Filho, fez a matrícula de Zilda condicionalmente, a qual foi efetivada pelo Superintendente do Ensino Médio da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Concluídos os três anos para a formação de professor, submeteu-se a concurso com essa finalidade e efetivou a sua nomeação de professora primária interina nomeada. Em 1963, foi ensinar no grupo escolar Antonio Muniz, no bairro Caculezinho, em Caculé/BA.

 

Transferiu-se para Brumado em 1964, onde ensinou pela rede estadual e foi efetivada através de concurso que prestou em Caetité, em fevereiro de 1968. Ensinou por um ano em uma escola isolada no bairro São Félix, depois no Ginásio General Nelson de Melo e numa escola onde funcionava a antiga usina de algodão, que posteriormente passou a chamar-se escola Monsenhor Antônio Silveira Fagundes (desativada), a qual deu lugar à construção do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS.

 

Trabalhou na Secretaria de Educação do Município, como coordenadora do Ensino primário. Fez vários cursos de atualização, cursos presenciais e a distância, recebendo certificado de todos eles.

 

Durante 30 anos, lecionou no colégio Estadual de Brumado (CEB), ministrando aulas para os alunos do magistério.

 

 Trabalhou ao longo de 27 anos nas escolas Monsenhor Antônio da Silveira Fagundes (primário), Dr. Juracy Pires Gomes (supletivo à noite) e Centro Educacional Maria Nilza Azevedo Silva (CEMNAS), por quatro anos.

 

Aposentou-se pelo primário em 1991 e, em 1993, encerrou a sua carreira no CEB como professora de Língua Portuguesa. Quando se aposentou, recebeu homenagens das colegas professoras e de alunos, que a emocionaram pelo carinho e elogios recebidos.

 

O reconhecimento ao seu trabalho, sua dedicação ao ensino, sua competência e a diversificação de conhecimentos e de conteúdo renderam-lhe diversas homenagens, dentre as quais enumeramos algumas:

 

I – A poetisa Clarice Morais dedicou a Dona Zilda a linda poesia:

 

Como renasce uma flor...

 

Abre-se/para a vida,/sorri,/exibe a roupagem,/mostra o colorido,/e diz ser o abrigo/do orvalho/que logo vai cair!//Balança/ao vento,/feito criança,/na roda gigante/de um parque infantil! //Fecha-se/ para a vida,/apaga o sorriso,/veste-lhe por inteiro,/o orvalho brilhante,/que também/sustenta-lhe a vida...//Faz frio/ e já é noite.../ Despencou do galho/e na solidão do jardim/caiu... Sem cor,/ orvalhada apenas,/e ninguém viu!//Virou adubo,/e logo vai produzir.../Pois outra flor/renascerá/neste ou naquele galho,/mesmo sabendo/que logo vai partir!

 

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Assim tem sido/a vida da gente.../Mestres do passado,/cedendo seus espaços,/praque outras pessoas/possam existir!// “Tia Zilda” vem passando/por nossa vida,/e não terá nunca/ a vida efêmera de uma flor.../Ela se fez firme/no galho da sabedoria,/Venceu o tempo,/produziu frutos,/a exemplo de quem agora/canta estes versos,/pra dizer/que em meio a tantas /outras flores,/ela continua/a existir!//E com ela,/outros haverão de aprender,/até a distinguir/- a hora da tristeza,/ - e a hora da alegria,/ pois quem foi/sempre será,/assim uma música/já dizia.../Daí a certeza, ao afirmar agora,/que ela será/hoje, amanhã e sempre,/o alicerce,/a base,/ a sabedoria,/ a experiência.../E poderá até balançar/contra as intempéries da vida,/e a ventania,/pois quem tem uma vida/de luta,/de trabalho,/de força/e de amor,/vai estar sempre/em sintonia,/com a vida de qualquer/flor,/compondo qualquer sinfonia.../ Pois sua vida/ tem sido paz/, de querer,/de harmonia!

 

II – A então Secretária de Educação Filomena Azevedo Leite, em comum acordo com o então prefeito Edmundo Pereira Santos, homenageou-a, dando o seu nome a uma escola na sede do município, o que a deixou muito honrada e feliz. Esse fato a incentivou a retribuir a homenagem por meio de doação de livros avulsos e enciclopédia à escola que recebeu o seu nome;

 

III – Certificado de homenagem pelo Rotary Club;

 

IV – A aluna Creuza da Silva (Quêu), em 13-12-1953, discorreu sobre as qualidades e a competência da mestra, quando disse: “Você é uma pessoa que possui a paciência, ou seja, a virtude muito bela e sucessível de transformar corações e moldar personalidades”, entre outras colocações;

 

V – A professora Filomena (Mena) traçou o perfil de Dona Zilda, ressaltando suas qualidades de educadora, da sua vida profissional e o seu devotamento à educação. “Eis aqui uma educadora que abriu portas de sua vida profissional aos ventos da mudança. Eis aqui uma educadora sem medo de enfrentar desafios e obstáculos, de adentrar áreas não experimentadas. Eis aqui uma educadora que adentrou o novo. Eis, em suma, uma educadora que acredita em si mesma e essa crença é a linha mestra do viver plenamente”. Por tudo isso, homenageia-a com o reconhecimento à educadora exemplar, fonte de inspiração e do saber.

 

Apesar de ter convivido com freiras da religião católica, sempre procurou maiores esclarecimentos sobre as questões religiosas, pois em sua mente havia muitas dúvidas sobre a filosofia da vida. Hoje, por encontrar explicações e respostas para as suas dúvidas e problemas existenciais, ela professa a Doutrina Espírita Cristã, seguindo as orientações de Allan Kardec: "Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas da humanidade". "Todos os Espíritos estão destinados à perfeição, e Deus lhes fornece as maneiras de alcançá-la por meio da reencarnação". "Fora da caridade não há salvação".

 

Zilda é viúva de Arthur Alves Neves, falecido em 11-08-1995, no hospital São Vicente, em Vitória da Conquista e sepultado no cemitério municipal Santa Inês, em Brumado. Viveu com o cônjuge durante 49 anos e reside em Brumado, com seu filho do coração, adotado desde os oito meses de idade, de prenome Alexandre.

 

Zilda Neves fez uma análise retrospectiva de si própria: “Fui uma criança reservada com estranhos, mas sempre gostei de brincar, dançar e cantar. Sempre fiz parte nas apresentações teatrais que as freiras promoviam no colégio.

 

 Interrompi meus estudos na adolescência, continuando-os depois de casada. Fiz o curso pedagógico de nível médio. Formei-me em professora primária. Fiz concurso e lecionei, durante 32 anos, nos cursos fundamental (primário) e médio (segundo grau), cooperando com jovens que desejavam fazer magistério para ensinar no primário. Essa foi a melhor época da minha vida, encontrei alunos dedicados tanto aos estudos quanto à minha pessoa. Aposentei-me e logo em seguida faleceu o meu marido Arthur. Faz-me companhia meu filho Alexandre, que adotei legalmente com 8 meses de idade. Sou uma pessoa simples, gosto muito de ler e de aprender coisas novas. Não sou preconceituosa, graças a Deus. Procuro colocar sempre meu cérebro para trabalhar. Quando lecionava no Colégio Estadual de Brumado – CEB, viajei a muitas cidades para fazer cursos de especialização, a fim de acompanhar os programas de ensino da época. Fiz também cursos a distância nas cidades de São Paulo e Brasília”.

 

Finalizou seus depoimentos dizendo: “Apesar da viuvez, a vida continua. Não sou uma pessoa triste, gosto de uma boa conversa e ainda danço, uma das minhas predileções, no Clube da Terceira Idade e no CEAB (Clube de Educadores Aposentados de Brumado). Gosto de pessoas sinceras. Gosto de animais, de preferência gatos, divirto-me com o computador, faço tricô, crochê e leio muito. É assim que levo a vida”.

 

Os dados para compor esta biografia foram fornecidos pela professora Zilda Lima Neves, a quem agradecemos a colaboração.


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